segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Minha tentativa

Um só corpo se fez naquele abraço. Num momento afetivo, trocamos duas declarações. Ele se declara, eu retribuo. É sempre assim. Ofereço para ele o sentimento que recebo. Na mesma proporção. Sem exagero nem capricho. Mais um dia. Ele chega e me conforta. Sentamos, conversamos, rimos... Em meio há tantos beijinhos, carinhos, sorrisos constrangidos e olho no olho, ele fica sério, ameaça falar, mas não diz nada. Fico quieta e observo suas expressões faciais. Seu jeito assim sem jeito me deixa encantada. Eu gosto desse sorriso meio bobo, meio tímido, meio gracioso e sem graça. Gosto do jeito com que ele me faz ficar presa, prestando atenção a seus movimentos, do jeito manso com que fala que sentiu saudades, do jeito inesperado que ele muda de assunto... De repente, sua boca treme algumas palavras e começamos a falar sobre o amor. Fico fria e seca. Sou um tanto volúvel para expor sentimentos. Ah, estamos apenas FALANDO do amor, não é? Então ta. Em duas frases falo tudo o que penso a respeito, assim rápido e relâmpago. Muito ao contrário de mim, ele fala, fala, fala... O amor pra cá, pra lá, pra aqui. Fala, fala e prossegue como se não restasse mais nada a fazer a não ser falar sobre amor. Seu modo, suas ideias, suas palavras, sua inteligência é tudo tão infinitamente superior a mim, que até fico com vergonha de ter razão perto dele. Agora calados, vou falar. Não consigo dizer nada. Tento falar outra vez e gaguejo. Ele pergunta “o quê?”. Balanço com a cabeça fazendo não. Não foi nada, não é nada. Queria dizer o que sinto, mas a maneira dele pensar, me deixou engasgada. Queria ter dito em alto e bom som que EU O AMO, mas a minha voz saiu des-pe-da-ça-da.

Por I.A.